sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A TUA ESTRELA

A TUA ESTRELA

Desde miudo que as estrelas me fascinam. Ainda me lembro quando passava horas infinitas a olhar o céu, a descobrir formas, delineando geometrias, deslumbrado pelas coloridas cintilações, inventando diálogos que ciciava esperando respostas.
Era o tempo em que ainda não sabia que as estrelas, cientificamente, se agrupavam em constelações, o que mais tarde me haveriam de ensinar nos bancos da escola. E foi nessa altura que eu elegi a, que continuo a considerar, mais bonita das constelações; aquela brilhante forma geométrica que tem ao centro, em quase perfeito alinhamento, três belas e brilhantes estrelas de segunda grandeza que, minha mãe então me disse, se chamavam “As Três Marias”.
Aprendi mais tarde, numa qualquer lição de Geografia, que àquele belo quadrilátero tinham os Gregos chamado de “Orion” porque personaliza o belo caçador do mesmo nome a quem Diana metamorfoseou após o ter matado.
Porque se chamam “As Três Marias” nunca o soube, mas sempre gostei de assim lhes chamar, até porque foi minha mãe que me ensinou. E, porque acredito que algures no firmamento há uma ou mais estrelas que de alguma forma nos iluminam e protegem, o que acho que é uma coisa inata a cada um de nós, sempre pensei e olhei “As Três Marias” como as minhas “Estrelinhas da Sorte”.
Não há noite nemhuma em que eu olhe para um céu estrelado que não procure imediatamente “as minhas Três Estrelas” e, mal as vejo, sou invadido por uma forte sensação de bem-estar e paz interior.
Acabado que foi o “Velho Ano” e ainda nos primeiros segundos deste Novo 2000, levantei os olhos ao céu para desse modo formular um desejo para ti, como te tinha prometido, e... (Nem sequer sei como descrever a sensação que me invadiu repleta que foi de emoção arrepiante). É que, mesmo por cima de uma bela girândola de fogo de artifício acabada de abrir no mais deslumbrante “bouquet” azul, dou de caras com as “minhas três amigas”, “As Três marias”.
E, não sei porque, aquela do meio estava com um brilho especial, como a querer que eu desviasse toda a minha atenção só para ela, como que a fazer-me uma espécie de chamamento.
Não hesitei. Pensando em ti, imediatamente lhe exprimi um desejo para o “Novo Ano”. Pedi-lhe que também ela passasse a ser uma tua “Estrela” protectora que, de uma qualquer maneira, seja de hoje em diante a “Tua estrelinha”. E, porque é uma Estrela Boa, estou convencido de que passará a sê-lo.
O que para ti desejei não to vou dizer porque, e isso também foi a minha mãe que me ensinou, desejos e sonhos não se devem contar a ninguém para que se tornem realidade.


Mas há uma coisa que quero que tu saibas:

A partir daquele momento na bela constelação chamada “Orion” passaram a existir sòmente “Duas Marias” porque a outra, a do meio, já assim se não chama e nunca mais ninguém, revolução ou decreto, lho há-de mudar, é que ela agora tem o “Teu Nome”.

Varese, 2/1/2000

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ha Quanto Tempo!!!!....

....Que aqui nao vinha



Por falta de tempo e alguma preguiça à mistura ja ca nao vinha ha muito tempo.

Aqui estou para vos deixar uma foto bem antiga, Setembro de 1951, dum casamento em Vilarandelo, ja que por agora nao tenho outro assunto,

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os nossos concelhos vizinhos

Do Blog do Paulo Pascoal, COUSAS DE ANTANHO E DE AGORA,copiei este seu post


Os nosso concelhos vizinhos



Este fim-de-semana, mais propriamente no Domingo, eu e a minha família fomos dar um passeio. O dia estava bonito, apetecia passear! Não foi preciso ir para muito longe, Trás-os-Montes tem muitos recantos para serem descobertos. Bastou fazer uma pequena visita aos nossos Concelhos vizinhos de Mirandela e Macedo de Cavaleiros. São dois concelhos que nos últimos 15/20 anos souberam encontrar estratégias para atrair os turistas e deixar dinheiro nesses concelhos. Não quero com este texto melindrar nenhum poder político instituído mas o que tem de ser dito, tem de ser dito e a realidade está às vistas. O Concelho de Macedo de Cavaleiros por exemplo tem um posto de turismo que é por excelência a porta de entrada para qualquer pessoa que queira visitar aquela região. A primeira coisa que fizemos quando entramos no Posto de Turismo foi informarmo-nos do que havia no Concelho, depois de uma explicação breve dada por uma funcionária simpática tivemos acesso a panfletos, desdobráveis, livrinhos e 2 ou 3 postais, onde ficamos logo a saber que têm um roteiro museológico de 7 museus espalhados pelas aldeias do concelho com temáticas muito diferentes que vão desde a arte sacra e arqueologia ao azeite e Folclore, ficamos a saber que têm uma rota dos pelourinhos e do azeite, ficamos a saber quais os restaurantes e as especialidades gastronómicas da região. Temos acesso a uma agenda cultural onde notamos que a actividade cultural do concelho não acontece apenas nos meses de verão, mas durante todo ano. Ficamos a saber que, como eles têm um espaço digno para espectáculos de teatro podem trazer a Macedo artistas que de outro modo só se poderiam ver em Vila Real ou Bragança. Ficamos a saber que nessa mesma agenda cultural são divulgadas (incentivando assim) todas as actividades culturais e desportivas das associações (que são muitas). Através desta agenda cultural também ficamos a saber que o município de Macedo se preocupa por dinamizar as aldeias pondo-as na rota cultural e desportiva do Concelho, onde para isso se criou uma associação (Potrica – Associação Cultural do Nordeste Transmontano) que se dedica a incentivar, promover e divulgar eventos culturais no Concelho e fora dele. Para além desta divulgação no posto de Turismo, O município Macedense tem um Site onde não se limita a dar notícias e informação do que o Município faz ou tem, é acima de tudo um sítio onde a informação cultural, desportiva, turística e gastronómica tem destaque, privilegiando e apoiando a divulgação da gastronomia, cultura e desporto do Concelho de Macedo de Cavaleiros.


O trabalho que os municípios nossos vizinhos de Macedo de Cavaleiros, Mirandela e até Vinhais, têm desenvolvido em prol do turismo, não é feito em cima do joelho, foram necessários 15 ou 20 anos para que as coisas funcionem com qualidade. A qualquer altura do ano se vê gente nas ruas de Mirandela ou de Macedo, turistas que visitam aquelas terras deixando lá dinheiro, fomentando-se o negócio. Em Vinhais por exemplo, caminha-se a passos largos para esta auto-sustentação baseada num turismo de qualidade com o parque biológico da vila. Ou seja, não basta pensar em desenvolvimento à base do betão e promover uma ou duas feiras gastronómicas. Se não promovermos um turismo sustentável que se centre na divulgação e apoio do que se faz e do que se tem no nosso Concelho, corremos o risco de perder competitividade em relação aos outros concelhos vizinhos. Os turistas que vêm visitar Trás-os-Montes vão a Mirandela, Macedo, Bragança, Miranda do Douro, Vinhais ou Chaves e acabam por esquecer Valpaços que, tirando os dias de aulas, a Feira do Folar, o mês de Agosto e o inicio de Setembro com a festa, parece uma cidade fantasma, pouco ou nada mais há divulgado, que mantenha por aqui as pessoas.


Nestes últimos 15/20 anos o Concelho de Valpaços evoluiu sim, não o nego, ao nível dos acessos temos melhores estradas, ao nível social fez-se um grande investimento em novos centros de dia e lares, ao nível energético com investimento nas mini-hídricas, ao nível do bem-estar, foram feitos alguns jardins e parques e por aí fora… Falta a meu ver cuidar melhor do nosso património histórico e paisagístico, falta criar condições e estratégias para cativar o turismo para o nosso concelho ao longo de todo ano, falta criar um programa cultural diversificado que passaria por ter um espaço nobre vocacionado para as apresentações de teatro e outro tipo de espectáculos, falta envolver mais as associações do Concelho dando-lhes incentivos numa tentativa de encontrar uma plataforma de entendimento vocacionada para o turismo e para uma maior divulgação da cultura, desporto e outras iniciativas que aqui se produzem. Resumindo, falta agarrarmos com unhas e dentes a oportunidade de mostrar aos outros que também temos e fazemos coisas boas e com muita qualidade, para que quando as pessoas vieram visitar Trás-os-Montes, alguém lhes tenha dito ou de lerem em algum sítio que afinal no Concelho de Valpaços também temos paisagens bonitas e bem tratadas, que temos uma gastronomia de qualidade, que temos muitas igrejas e monumentos centenários para visitar, que temos e poderíamos mostrar semanalmente a nossa cultura num espaço de qualidade (se existisse). Mas para isso a autarquia terá mudar radicalmente a maneira de olhar para o Concelho, olhando-o como um todo, envolvendo todas as freguesias na divulgação e na criação de um programa cultural, desportivo e gastronómico.
Publicada por Paulo Pascoal em 02:49

domingo, 26 de setembro de 2010

Passeio Domingueiro




Hoje, e porque o dia estava bom fomos ate às margens do Lago de Varese em Gavirate




















No regresso apercebemo-nos que havia magusto lá para os lados do Poggio e rumamos até lá



EU fiquei-me por uma dose de castanhas (mais ou menos 20) e um "bicchiere di vino" que é como quem diz : um copo de tintol...


O pessoal labesteirava-se , espalhado pela relva, apanhando este primeiro sol do outono que é ao mesmo tempo o último sol do verão. ...É que o inverno está à porta







quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem se Lembra?

Alguem sabe ou ainda se lembra do significado deste termos que eu ouvia quando era crianca?
Noutro post futuro porei o significado...
Acaijo
Arreguilar
Beldro
Bocha
Chamorro
Cirondo
Desnocar
Embude
Esganar-se
Fioco
Galelo
Improsmeiro
Joga
Lambisqueiro
Limaco
Marelo
Môcho
Nomeada
Pêto
Pota

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Curiosidade

Foto "desviada" do blog do amigo Jose Coroado





sábado, 18 de setembro de 2010

UM PRESENTE PARA A PRIMA

Nota Prévia de Aviso aos Leitores: Em tempos, pensei em escrever uma série de histórias finalizadas, cada uma delas, com uma receita de culinária. Algumas ja estão prontas. São “estórias” sem história e as receitas apenas servem para lhe dar algum sentido. Direi que não é mais que uma brincadeira em torno do personagem por mim inventado a que dei o nome de João Serapico e que qualquer semelhança com pessoas ou factos será por mera coincidência.
Dito isto, passo a partilhar convosco uma dessas histórias


Um Presente para a Prima

Depois de almoçar os pi-pis, João Serapico, resolveu tirar o resto do dia por sua conta a prazo e risco ao meio. Estava farto de se pentear com risco ao lado. Iria portanto aproveitar ao máximo a boa disposição com que acordara.

Dirigiu-se ao banco do jardim mais próximo para levantar alguns contos de reis, não se importaria muito se fossem de fadas, porque, em questões de massa, só não gostava era da massinha de cotovelos. Mania que tinha, havia muito tempo, de embirrar com tudo o que fossem ângulos, curvas e esquinas porque, sempre que tentara e por mais esforço que fizesse, nunca conseguira dobrar a esquina duma rua, e isso marcava-o muito. E, além disso, sempre que se lhe deparava um ângulo havia de aparecer sempre aquela tipa chamada Bissectriz com quem ele tivera dois ou três casos, inflizmente fortuitos, o que lhe deixou sempre aquela dor de massinha de cotovelo.

Cacau no bolso, levava também o leite e o açúcar, ia prevenido para o lanche, copo não era preciso porque aproveitaria o primeiro copo d’água que encontrasse, resolveu João Serapico passar o resto da tarde deambulando pela cidade e as serras, talvez encontrasse o amigo Acácio.

Encontrou-o quando já caía a noite, porque, como ele tinha-se protegido na mesma estação de metro para evitar que lhes caisse em cima. E logo ali entabularam aceso diálogo. E tão aceso foi que a sua extinção só foi possível por decreto governamental. E isto porque ambos se lembraram de puxar de um cigarro e acendê-lo ao mesmo tempo.

Só depois de se certificarem que a noite já estava bem caida é que começaram a subir a escada da estação, com muito cuidado para não pisarem os pobres pedintes que por ali estendiam a mão à Caridade. E se já assim, coitados, a Caridade raramente lhes apertava a mão, quanto mais se tivessem os olhos pisados. Pensaria logo que eram uns malandros, que passavam as noites na farra. Pois olhos pisados so poderiam ser de noites mal passadas a ferro.

Já na rua João e Acácio decidiram ir jantar juntos e depois logo se veria.

Escolheram um restaurante médio atacante, tipo Selecção nacional onde optaram por comer uns carapaus de corrida. Sempre era uma maneira de se irem mantendo em forma e de tentar melhorar os tempos olímpicos. Vinho escolheram um da lista, ou melhor listas, verdes e brancas, porque, sempre que os dois amigos se encontravam, era com essa cor que costumavam pintar a manta. Saiu, portanto, um verde branco bem fresquinho.

Durante a refeição discutiram sobre diversos assuntos quer da política internacional em geral quer da nacional em particular abordando também os problemas futeblísticos que mais interessavam à nação.


Acabado que foi o jantar pediram a conta e pagaram as favas, o que os incomodou bastante, pois para além dos carapaus e do vinho apenas tinham comido umas azeitonas. “Que fossem à fava rica!”.

Sairam. Como ainda era muito cedo resolveram meter-se num cinema. Viram uma coisa ligeira que, apesar de ambos terem carta de pesados, sempre era mais cómodo.

À saida vinham acompanhados por duas pulgas que eles despacharam logo no primeiro cão que encontraram, tendo eles apanhado um taxi.

Já na rua é que João Serapico se lembrou que a prima Glória fazia anos no dia seguinte. Tinha de comprar qualquer coisa para lhe oferecer. Mas por causa das favas, que tiveram que pagar e não comeram, Serapico ficou quase sem dinheiro.

- Bem vê Amigo Acácio, é uma maçada, amanhã é sabado, os bancos estão fechados e o pouco dinheiro que tenho já não dá para comprar nada decente para oferecer à minha prima Glória que amanhã faz anos.
- E se com o pouco que nos resta, tentassemos a sorte no casino? – Alvitrou Acácio – Há dias de sorte!
- Talvez não fosse má ideia.

E foram.

No casino experimentaram o poker de cartas, mas só lhes saiam quadras de Natal, o que já estava bastante fora de época. Assim, João Serapico nao compraria o presente de anos à prima Glória.

Foi então que se lembrou e segredou a Acácio:

- E se levassemos a banca à Glória?
- Boa ideia - concordou Acácio – Talvez ela goste.

Eram três da manhã quando, pegando cada um de seu lado, saiam do casino e levavam a “Banca à Glória”.

Era já tarde quando João Serapico se levantou. Não dormira quase nada, só a pensar nas favas que tivera de pagar e que não comera . Ainda bem que mesmo ali em frente, do outro lado da rua existia uma velha tasca que fazia umas favinhas que eram de comer e chorar por mais.

Era isso mesmo. Iria até lá e comeria um pratinho de “Fava Rica”.


FAVA RICA

A fava rica é um alimento simples mas muito nutritivo.

A Fava Rica é preparada com favas secas.
Escolhem-se as favas rejeitando aquelas que tiverem gorgulho e põem-se de molho em água e sal de um dia para o outro. Assim amolecidas põem-se ao lume a ferver com água e sal até que fiquem tão macias de modo a poderem ser esmagadas com um garfo.

Servem-se temperadas com bom azeite e alho cortado muito miudo.






Este Belo Prato de favas surripiei-o eu do Blog Vilarandelo - Um dia uma Imagem gerido, e muito bem, pelo amigo Jose Coroado

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Historias de Vida

Carla anda pelos 20 anos de idade e prostitui-se. O sorriso inocente, o corpo esguio e a pequenez dos seios fazem com que pareça uma miuda de 15. É morena, magra, tem cabelo e olhos negros. É uma rapariga esbelta mesmo sem ser bonita.

Na casa de passe onde transcorre as noites é de todas a mais procurada, sendo mesmo obrigada a recusar clientes, podendo, por isso, dar-se ao luxo de ser ela a escolher com quem há-de ou não ir para a cama. Mas há uma pessoa a quem ela nunca diz que não e que ansiosamente espera pela sua visita. Visita essa que tendo começado por ser semanal acabou por se tornar mais assídua, de duas ou três vezes por semana e nunca falhando ao sábado.

Tiago também ronda os 20 anos de idade, ainda imberbe e com aquele sorriso de puto malandro até parece que só tem 16 ou 17 no máximo. É por ele que Carla espera todos os dias, porque é com ele e só com ele que ela faz amor. O resto faz farte do seu penoso trabalho.

Carla e Tiago gostam imenso um do outro. Eles não sabem bem se, esse gostar tanto é amor ou se é a atracçao impulsiva do prazer que mutuamente se concedem e que os faz ansiar por esse fugaz encontro. Se é verdade que Carla não lhe cobra nada e que sempre lhe repete que com ele é que faz amor e só com ele é que consegue atingir o clímax do acto sexual, também não é menos verdade que Tiago quase sempre traz qualquer coisa para lhe oferecer, pequenas lembranças como chocolates e coisas do género. Serão pequenas provas de um grande amor?

Mas se Tiago gosta assim tanto dela porque é que nunca, nem por uma só vez, uma única que fosse, a foi ali buscar para a levar a passear, a almoçar ou jantar ou até mesmo para tomarem um simples café? Porque é que nunca fala dela aos amigos? Em vez disso ela nunca perde o ensejo de forçar encontros com ele, aparecendo como que por acaso num qualquer dos paradeiros que Tiago frequenta e nessas ocasiões ele limitou-se a comprimentá-la quase a medo e com algum embaraço, isto sem contar com as que fez de conta que a não viu.

Porque?

Porque não pareceria bem que um respeitável rapaz, como ele, se enamorasse de uma mulher da vida, de uma prostituta. Que justificação arranjaria para dar aos seus amigos?

Só o velho Joaquim Carvalho é que notou que ali, entre aqueles dois, havia uma certa empatia. O Carvalho era um pobre cinquentão com ligeira deficiência mental que passava os dias ociosos de café em café cravando cigarros, mas só aos amigos, como ele dizia e que, depois de se aperceber da tal atracção, melhor pretexto não podia arranjar para ir cravando uns cigarrinhos a Tiago. Dizia-lhe sempre que por cada cigarro que lhe desse mais sorte teria com Carla.

Carla, da sua paixão, falava com as amigas. Mais que da paixão falava das suas ilusões. Do sonho de um dia deixar aquela vida, de ter uma casa e de ser para sempre de um só homem, do seu Tiaguinho. Carla sonhava e quando sonhava sorria bonito.

Houve um sábado que Tiago não apareceu. Outro e mais outro e muitos mais sem dar sinal de vida.

Tiago desaparecera definitivamente.

Anos mais tarde, já noutra cidade e bem longe do local onde se conheceram, Tiago encontrou o velho Carvalho que lhe garantiu que Carla tinha morrido atingida por uma bala perdida num confronto entre bandas rivais.

Tiago não acreditou em nada dessa história até porque pouco tempo depois encontrou uma das amigas de Carla que lhe disse que ela tinha continuado a prostituir-se e que se tinha tornado na mais triste das pessoas daquela casa de passe e que nunca mais ninguém a tinha visto sorrir.

Tiago deixou cair uma lágrima ao saber que Carla nunca mais sorriu bonito.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De regresso

Após prolongada (?) ausência cá estou de volta às lides “blogueiras




Cenário para representação da “Opera Carmen de Bizet” na Arena de Verona



sexta-feira, 4 de junho de 2010

Bom Fim-de-Semana




Num destes dias quando dava uma voltinha de bicicleta deparei-me com este campo florido de lindas papoilas. Aqui vo-las deixo com os votos de um bom fim-de-semana



quarta-feira, 2 de junho de 2010

MEMORIAS

Padua, Basilica de Santo Antonio
O PIMPÃO

Homem de muitas manhas e mil artimanhas que sempre queria estar bem com Deus e com o Diabo. Asdrúbal Teixeira Pimpão, de sua graça, era-o de nome e era-o também de facto, no bom sentido da fanfarronice.

Figura corpulenta, das mais altas da aldeia. Recordo-o de boina preta na cabeça, em cima do burro cinzento que sempre lhe conheci, pés metidos nos socos abertos quase a arrojar pelo chão e com a “Laika”, cadelinha amarela que devia o seu nome à homónima sua contemporânea que tinha viajado pelo espaço, em pé à sua frente também ela em cima do quadrúpede.

Não havia acontecimento local ou mesmo mundial qua não fosse por ele glosado para còmicamente o retratar. Assim como não havia novidade que não fosse, por ele, dada em primeira mão, a maior parte das vezes aumentada de “quilómetros” em relação à verdade. Por isso costumava até dizer-se aos que mentiam: “És mais aldrabão que o Pimpão!” Não sei se a expressão ainda hoje se usa mas, se se deixou de usar, não será por falta de mentirosos, concerteza.

Nos dias dos Santos Polpulares, no mês de Junho, a rapaziada que passava pela Capela de São Sebastião não se abstinha de dar umas badaladas na sineta da mesma, bastava que, para isso, conseguisse chegar à gramalheira e tivesse força para a accionar. Tal facto já fazia parte dos usos e costumes e, por isso, ninguém levava a mal tal coisa. Havia, porém, alguns adultos que também eram fieis a hábitos como este e que, por isso, eram dele assíduos praticantes.

O nosso amigo Pimpão era um, dentre os mais velhos, que, para além da rapaziada, não se coibia de dar, também ele, umas boas badaladas bem repenicadas. E para que lhe haveria de dar, certa vez, para gáudio de muitos especialmente da pequenada?

Lembrou-se então ele de botar um molho de erva à porta do Santo, rédea do jerico presa à gramalheira e “dlin-dlão, dlin-dlão...” ao ritmo do abocanhar da erva fresca pelo animal, ia tocando o sino no campanário da capela.

Outra usança das mesmas festividades era o ir de alguns “malandros” pela calada da noite à procura de vasos floridos pelas varandas e parapeitos das janelas e muito silenciosamente os surripiarem e, com todo o cuidado para não os estragar, os trazerem para as escadas da mesma Capela de São Sebastião onde na manhã seguinte as donas de tais vasos os iriam recuperar. (O mesmo acontecia noutros bairros pois que me lembro de também os ver expostos nas escadas da Igreja).

“Ora uma vez, era São joão, aí pelo meio da tarde encontrei o Pimpão perto da bica do Bairro do Outeiro onde viera dar de beber ao burro, devia andar eu pelos meus quinze ou dezasseis anos e diz-me ele:
“Logo à noite queres vir ajudar-me a fazer um serviço?”
“Humm...?”
“Ja marquei aí uns vasos e logo vamos buscá-los ali prá escada da capela”
“Está bem” – respondi-lhe.
“Então lá prá meia-noite vamos a eles, e quando vieres trazes já um de tua casa.”

E assim foi. Pela calada da noite saia eu de casa, sem fazer barulho, com um vaso bem florido e que foi o primeiro, naquele ano, a enfeitar a escada da Capela de São Sebastião a que se seguiram outros mais, marcados que tinham sido durante o dia e que agora era só ir buscá-los.

Nunca minha mãe chegou a perceber como é que tendo ela tirado todos os vasos da varanda se tinha esquecido daquele que ainda por cima era dos mais bonitos.

“Vá lá que não o estragaram!” - Dizia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pensamento






MALUQUICE



Em Terra de doidos
Tira-se um olho
Àquele que vê melhor!

Moral:
Se não és doido
Usa óculos escuros.

Ou:
Disfarça-te
Senão eles dão cabo de ti.

sábado, 15 de maio de 2010

MEMORIAS

Um dia pediram-me para escrever uma receita de bacalhau com uma história para uma publicação trilingue (Português, Inglês e Italiano) de receitas de bacalhau. Então, eu escrevi esta que hoje quero compartilhar convosco.



UM CHEIRINHO A BACALHAU


Na minha terra não é o bacalhau o prato forte da tradicional ceia natalícia. É esta constituida essencialmente por fritos sendo o polvo o principal elemento. Talvez por estarmos ali mesmo ao lado da vizinha Galiza tão famosa pelo seu maravilhoso cefalópode.

A mesa de consoada é portanto recheada e ornamentada com as mais variadas, doiradas e deliciosas frituras, polvo, bolinhos de bacalhau, rabanadas não faltando tambem as tradicionais filhoses entre outras iguarias. De cozido apenas umas batatas, acompanhamento real lá por aquelas paragens e talvez também uma aletria para sobremesa acompanhada com um cálice de “vinho fino” epíteto que nós por ali costumamos dar ao “Vinho do Porto”. Não faltam também os frutos secos.

Mas não se pense que o “Fiel Amigo” é esquecido por aquela boa gente nortenha. Não senhor! Ele é o rei no almoço do dia 25, o dia de Natal, e invariàvelmente é acompanhado, depois de cozido, com grão de bico, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta tudo isto temperado com o melhor dos azeites da região.

Ainda me lembro bem quando lá em casa nos sentavamos todos à mesa. Só irmãos eramos cinco, mais os pais, o avô, a tia avó, a prima Dulce que conosco vivia e o criado pois que sempre havia um lá em casa, todos somadinhos faziamos sempre 11. Ora no dia de Natal esse número aumentava sempre porque chegavam mais alguns primos, Luisa, Anibal, Sofia e Valentim, filhos da tia Alice. O que valia é que a mesa era suficientemente comprida para que todos lá pudessemos caber.

Um belo canhoto a fazer de estrafogueiro ardia na lareira aquecendo a cozinha, onde se almoçava, já que de calor humano havia sempre q.b. para nos aquecer as almas enquanto que do aquecimeto dos ânimos (dos mais velhos, claro) se encarregava o bom vinho vindo directamente da pipa da adega do avô.

A receita do bacalhau com grão não a vou aqui escrever uma vez que é sobejamente conhecida. Mas, no entanto, nao quero deixar de referir que este delicioso pitéu, bem português, lá na minha casa era servido em prato fundo.

E porque?

Porque depois de comer o bacalhau e o grão aos restos do azeite que serviu para temperar, algum pedacito de bacalhau um ou outro grão que ficavam no prato, dependendo muito do gosto pessoal de cada um, juntava-se um pouco da água onde se cozeu o grão, quentinha que ainda estava e que tinha sido guardada para isto mesmo.


CALDO COM CHEIRINHO A BACALHAU

Sirva-se o tradicional “Bacalhau com Grão” em prato fundo de sopa.

Tempere-se abundantemente com bom azeite português, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta, tudo ao gosto pessoal de cada um.

Depois de bem saboreada esta deliciosa receita da nossa mui rica culinária e retiradas que foram todas as espinhas do prato, aos restos do azeite, salsa e cebola, alguma lasca de bacalhau e um ou outro grão que ficaram, junte-se o canto de um molego de trigo e adicione-se a água da cozedura do grão que se guardou e deve estar ainda quente.

Nada melhor que este delicioso caldo, assim pronto a comer, para aconchegar o estômago.

Que vos preste!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Barquinho de Papel




BARQUINHO DE PAPEL

Não erres o caminho poema meu
Vai à velocidade do pensamento
Vai pelo mar, aproveita o vento
Pára só ao pé de quem te mereceu

Mas volta poema, mesmo mais lento
E trás contigo a luz dum olhar seu
Que eu possa saber que ela te leu
Que não ficaste no esquecimento

Diz-me então poema como a viste
Mata-me a saudade, a dor antiga
Que já me chega de andar triste

Para que o pranto se torne cantiga
Basta-me saber que ainda existe
Mesmo tão longe, a minha amiga.
(jose cancelinha)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Poeta


POETA


Poeta, janela que se abre
Poeta, mensagem
Arco-íris sem cor, mas com credo
Sussurro
Vontade
Morte e vida
Coração que se desfaz
Coração à procura
Longe e perto
Sempre e nunca
Poeta, caravela que parte
Sem nunca se ir
Poeta passagem
Estrada na vida que não chega ao fim
Naufrágio
Silêncio
Criança e adulto
Pensamento que se perde
Pensamento caido
Aqui e além
sem princípio e...
Sem fim.
(jose cancelinha)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Feliz Páscoa



Páscoa Feliz


Depois do Natal eis que chega então a Páscoa, com o Carnaval pelo meio. Mas este não conta, a não ser que tenhamos alguma máscara nova para exibir ou queiramos deitar a velha máscara fora.

De resto, ainda bem que existem estas quadras festivas ao longo do ano. Servem, quanto mais nao seja, como desculpa (se por acaso é preciso desculpa) para nos recordarmos dos amigos e os “ chatearmos” ( cá por mim não é chatice nenhuma) com umas linhas de prosa ou de conversa fiada, pensarão alguns, mas nunca com a “lingua afiada”, concerteza, digo eu.

Servem, por isso, estas singelas linhas para vos desejar uma PÁSCOA FELIZ com muito chocolate e menos amêndoas porque na nossa (minha) idade ainda nos acontece partir algum dente, que já vão estando mais frágeis, (ou será que agora as amêndoas são mais duras do que eram antigamente?) e depois é uma carga de trabalhos; não querendo, com isto, diminuir ou menosprezar a jovialidade que nos vai na alma e no ser.

Não terão estes problemas os amigos de Vilarandelo, e arredores, já que substituem o chocolate (pelo menos este) e as amêndoas pelo nosso “maravilhoso, saboroso e excepcional” FOLAR. E fazem eles muito bem. Pudera eu fazer mesmo!

E por aqui me fico com os votos renovados de uma PÁSCOA FELIZ!!

Jose cancelinha





domingo, 28 de março de 2010

BEIJOS DE COLIBRI




Os Rail Road Riders compuseram a musica, eu escrevi estas palavras e o resultado foi este:

Beijos de Colibri

Se me lembro de ti
Sinto o cheiro a café
África e abacaxi
Em teu rosto a maré
De beijos de colibri
Na flor que ainda é

Não volta o tempo atrás
Há núvens lá no céu
Se aqui tu não estás
Posso até ser o réu
E a mim tanto me faz
Núvens são negro véu
Que negro este amor me traz

Tenho aqui neste nó
Uma ferida a sangrar
Cicatriz que mete dó
Hoje não quero pensar
Amor meu feito em pó
Meu amor só sonhar
Com beijos de colibri
Que são dados no ar

(jose cancelinha)

sexta-feira, 26 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


Sou pirata no mar aveludado
Da tua pele
E sou forçado a aportar e demorar
No teu rosto.
É a tempestade dos teus cabelos
Que me impele
Pois há ali tesouros, ao menos dois
De que tanto gosto.
São teus olhos, duas amêndoas
Do meu Algarve
Onde brilha o sol como em orvalho
Pela manhã!
Em trilho de beijos percorro e chego
Pelo adarve
Ao rubi dos teus lábios onde tudo
Sabe a romã.

Meus dedos ávidos, como pássaros
Em voos rasantes,
Descem vertiginosamente afagando-te
O pescoço
E chegam sedentos ao vale do teu peito,
Delirantes!
São como as andorinhas que chegam
Em Maio-moço!
Ali onde as colinas se erguem; são duas
Pombas da paz
Que trazem no bico os sabores e aromas
De Abril
E eu sorvo, absorvo e saboreio tudo
O que sou capaz
Nos dois grãos doirados do melhor café
Do teu Brasil!



Teus braços me envolvem e me enlaçam
Como lianas.
Nossas mãos travam lutas de carícias
Sem quartel
Os teus dedos nos meus lábios afloram e
São sultanas,
Têm a maciez e o sabor de doces favos
De mel.
Depois encontro o centro e o vórtice
Da pré-loucura
Donde saio disparado em helípticos
Movimentos
Sigo milímetro a milímetro por cada
Curvatura
E chego aos teus pés que já pedem outros
Andamentos.


É então que tu te entregas e me ofereces
A flor.
É então que começamos a nossa dança
Frenética.
É candombe, é este o samba do nosso
Amor
Bailinho, canção , fado, é poema sem
Métrica
Mistura de fluidos e suores, tudo sabendo
A mar
O nosso barco à deriva baloiça na loucura
Do abraço
Somos dois navegantes, perdidos, que vão
Naufragar
Somos dois mareantes que vão até ao fim do
Cansaço.
(jose cancelinha)

segunda-feira, 22 de março de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

LOGO À NOITE

Innsbruck




LOGO À NOITE


Logo à noite eu vou sair,
Pelas ruas da amargura,
E só voltarei a casa
Quando sentir a última badalada
Do relógio que está
Na Torre
Do meu Peito....

quarta-feira, 17 de março de 2010

HÁ DIAS ASSIM

Com Verso e Reverso ou....


















...Presunção e Água-Benta...


terça-feira, 16 de março de 2010

MEMÓRIAS

Sines


O “PITO”

António André Pito, de Fornos do Pinhal, concelho de Valpaços, distrito de Vila Real, Trás-os-Montes, Portugal. Era assim que costumava e gostava de se apresentar. Relojoeiro de profissão, dizia ele. Mas eu sempre o conheci a fazer (pequeno) contrabando dum e para o outro lado da raia. Do que melhor me lembra que contrabandeasse eram sapatos, quase sempre por encomenda. E um par deles trazia-os ele sempre nos pés muito bem envoltos em plástico para que não se sujassem, evitando, assim, qualquer reclamação por parte do comprador.

Às vezes, a maior parte das vezes, a mercadoria que “importava” não era da melhor. Concerteza que o enganado também tinha sido ele, que lhe vendiam gato por lebre.

Como aqueles pares de sapatos que um dia trouxe, e um dos quais comprou a “bom preço”, um familiar meu; “sapatinhos da mais pura sola” e “que não foram nada caros” “uma categoria!” - Como ouvi dizer.

Tão bons e genuinos eram que um dia, à lareira, quando se aproximaram mais do calor do lume começaram a derreter como se do melhor e mais puro plástico se tratasse. E pronto. Que se havia de fazer?

Não sei quantos dias demorava o Pito, da raia entre Portugal e Espanha até Fornos do Pinhal. O que sei è que um dia e uma noite era o mínimo que ele sempre perdia em Vilarandelo e disso tenho eu a certeza.

Aqui chegava quase sempre a meio da tarde e, copo atrás de copo, ora fiado ora cravado, e mesmo antes do cair da noite já ele não tinha coragem nem pernas para fazer os sete ou oito quilómetros finais pela estrada nacional, que ele não se metia em atalhos. E não é que se importasse muito com isso, pois onde ficasse recolhido tinha ele sempre garantido. Assim como o mata-bicho do dia seguinte, porque “pelas Almas” haveria sempre alguém que se comovesse e não fizesse caso a menos um copito de água-ardente e a um naco de pão ou até mesmo a uns figuitos secos que, por ali, havia-os e dos bons! A garantia da dormida era a de sempre, um baixo sob uma varanda onde nunca faltavam umas tábuas com uma gabela de palha por cima, a miúdo renovada, e uma ou duas velhas mantas de trapos. Era como se fosse um quarto em hotel de cinco estrelas para os desgraçados como o “Pito”, que tantas vezes, por outras paragens, tinham que dormir ao relento sujeitos a todo o tipo de intempéries naturais. E para cozer, como se costuma dizer, uma bebedeira qualquer coisa estava bem.


Quando o silêncio da noite já tudo envolvia começava o Pito com os habituais monólogos que nunca se soube se era sonhar alto, qualquer forma de sonambulismo ou se, simplesmente, era o efeito dos muitos copos de vinho deitados abaixo durante o dia misturado com o medo da noite e do seu escuro pois que a maior parte das vezes, estes monólogos, constituiam um verdadeiro exame de consciência com confissão e acto de arrependimento, não faltando os bons propósitos para o futuro.
Como, por exemplo, este:

- Oh meu Deus! Perdoai-me o meio litro de vinho que fiquei a deve ao sr. Fulano. E não pago! Não pago! Não pago!

- Não pago!?...

- Oh meu Deus! Perdoai-me. Que eu pago! Eu pago! Eu pago!

- E o que vou ficar a dever amanhã? Eu nao pago?

- Amanhã eu bebo! Eu bebo! Eu Bebo! E depois......(hiato para pensar).. eu pago.

Era certo e sabido que no dia seguinte já não se lembrava de nada, nem da dívida nem do que a Deus prometera na noite anterior.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Bom Fim-de-Semana

THE EYE OF LONDON

quinta-feira, 11 de março de 2010

TULIPAS




TULIPAS



Corolas de ocidentais flores desabrochando
Em mágicos e orientais movimenttos
De Tai Chi Chu’an.


São tulipas, estas flores, que te dizem:
É Primavera!
E que ainda tens todo o tempo
À tua espera!
São tulipas essas flores que trazes
No regaço.
Bouquet que compões com o teu sorriso
E apertas com um teu abraço.


O perfume eleva-se, como incenso,
Em espirais.
As formas, evoluindo, adivinham-se
Sensuais.
E nesse jogo é importante a magia
Das cores
Se em cada gesto, em cada olhar
Há flores.

E são lindas,
Singelas
Vermelhas, brancas
Amarelas,
Porque são tuas
São bonitas
São flores…
São Tulipas.
(jose cancelinha)

terça-feira, 9 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

MEMORIAS


O "MULA"


Todos o conhecem por "Mula", este personagem que já passou, e muito , os cinquenta anos de idade. Meio demente, e digo meio, porque a outra metade da sua anormalidade deve-se ao facto de ele gostar de beber, o que o faz andar num estado de permanente embriaguês.

A nomeada advém-lhe de que numa dada altura era frequente vê-lo passar pelas ruas da aldeia, nas suas deslocações casa-campo e vice-versa, tocando uma mula que puxava uma carroça e que ele constantemente incitava: "Abre os olhos mula que a carroça é cega!". Daí o ter-lhe ficado o "apelido". E que ninguem o fizesse zangar porque nao se livraria da ameaça de um tiro dado pela pistola que ele iria buscar a casa

Não havia reunião de rapazes ou garotada que não contasse com presença do "Mula". Boné aos quadrados, sempre na cabeça, e olhar esgaziado devido aos copos no bucho. Ao que parece, a água-ardente era a sua bebida preferida, quer fosse de Inverno quer fosse de Verão.

Um dia, por altura do Natal ou Carnaval, no largo em frente à Capela de Santo António de Vilarandelo onde um bom canhoto de castanho ardia, juntou-se a rapaziada que começou a rebentar bombas de fogo de artifício. A certa altura lembraram-se de meter em cima da bomba, depois de acendida, uma lata vazia, daquelas de conserva de atum ou sardinha, que quando rebentava com um estoiro abafado fazia subir, subir a lata. Faziam-se assim desafios, como que apostas sem nada em jogo, para ver quem era o dono da bomba que faria subir a lata mais alto.

Foi então que algum mais atrevido, sorrateiramente, rapa o boné ao "Mula" e em vez da lata mete aquele em cima duma bomba. Claro está que era só para ver o efeito e criar um pouco mais de ambiente com umas boas risadas.

Dá-se o rebentamento e eis que parte o boné por ali acima rápido como um foguete e girando, girando sempre, como uma ventoinha, sendo o próprio "Mula" aquele que maior contentamento tinha estampado no rosto, até dava pulos de alegria; - afinal o seu boné conseguia ir mais alto do que uma qualquer lata de sardinhas em conserva e como efeito visual não havia sequer comparação.

Quando caiu no chão, corre imediatamente a apanhar o boné, com a clara intenção de voltar a repetir a façanha, só que desta vez seria ele próprio a colocá-lo em cima da bomba.

Surpreza!

Mesmo no centro do boné aparecia agora um buraco com cerca de um centímetro de diâmetro, notando-se ainda o cheiro e chamusco misturado com o de pólvora queimada.

Foi então que aquela alegria estampada no rosto, repentinamente se desvaneceu dando lugar ao mais constrigente choro, próprio duma criança, acompanhado de blasfemias e amaldiçoando todos. E da maldição passava à ameaça, a do costume: "Agora vou a casa, trago uma pistola e dou um tiro a todos." - Repetindo sempre enquanto se afastava. E ia-se embora para não voltar a aparecer naquele dia.

sábado, 6 de março de 2010

Chegou o Carteiro

Chegou o Carteiro e, em mão, entregou-me o

E já que estava lá fora, e o ensoleirado dia a isso convidava, “labesteirei-me” e li-o.
É sempre bom quando chega mais este elo de ligação entre os Vilarandelenses. Dá para matar algumas saudades. Pena é que não tenha mais contributos escritos (me culpa, mea culpa!). Mas um dia, ainda me encho de coragem, e dou o meu. Fi-lo algumas vezes no “velho” ARAUTO nos tempos do Saudoso Prof. Ribeirinha... ai esta perguiça, esta perguiça!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Bom Fim-de-Semana

Pergunto eu: Será que as árvores também dizem segredos, lá em cima, que nós, cá em baixo, não ouvimos nem entendemos?

quinta-feira, 4 de março de 2010

SOL de OUTONO

Alvor, por-do-Sol






SOL DE OUTONO


Deixa-me olhar-te, olhos nos olhos
Que neles invente o agitado mar
Onde perderemos o rumo e o norte
E encontre a ilha onde iremos aportar
Naufragos abandonados à nossa sorte

Deixa que em silêncio eu te leve
Através deste bosque que se veste
De outonais cores, neste teu dia,
De verde-oiro com azul celeste
Com a passarada a cantar de alegria

Deixa que nos deitemos lado a lado
Para aproveitar este sol de Outono,
Dos quarenta transbordantes de ternura
Até exaustos cairmos no doce sono
Como mortos em tsunamis de loucura

Deixa, à noite, minha mão na tua
Que o silêncio quase sempre tem magia
E a Lua, que realça a beleza que tu tens
Veio com a água e o vento, em sinfonia
E comigo também cantar-te “Parabéns”
(por Jose Cancelinha)

terça-feira, 2 de março de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

VIDA QUÍMICA

Milão

Volumes que se fazem
E prefazem
Soluções tituladas
Mas sem título
Indicadores descorados
Mas a cor existe
É possível
Pesos tão leves
Que se perdem
Volatilizando-se
Reacções simples, algumas
Outras complexas
A vida escapa-se-nos assim
Por entre os dedos
Pesada e leve
Tão vazia e tão cheia
De reacções incontroláveis
Que a volatilizam
Sem nada se perder, e

Sem nada criarmos.

(jose cancelinha)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

PERAS

Peras do Rui, Vilarandelo, Agosto 2009

Têm-nos brindado e mimoseado os amigos "bloguistas" de Vilarandelo, Lebução e Pedome, entre outros, com receitas gastronómicas da nossa região que, para além, de fazerem crescer água na boca, fazem, também, aumentar a saudade da "Terra e das Gentes". Eu, que apenas posso imaginar e recordar, aqui vos deixo para terminar essas lautas refeições, e como sobremesa, estas peras genuinamente biológicas e Vilarandelenses.
Dizem que fazem bem ao fígado e que têm muitas fibras. E, já agora, sigam também o ditado popular que diz: "COM PERAS BINHO LE BEBAS" ...e que seja do bom.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval em Vilarandelo

CARNAVAL


concurso de pintura de "bacalhaus" pelos alunos da EEV



É Carnaval?... Pois a única coisa que por aqui vi, que me fizesse lembrar do Entrudo, foi estes bacalhaus mascarados ou disfarçados. De quê?...




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

RECORDAÇÕES

Ria de Alvor - Algarve

RECORDAÇÕES

Era o tempo do “Granja Bar”
Com o Smith a servir-nos café
O meu, era sempre muito melhor
Quando o adoçavas com o teu sorriso
Ali sentados para passar o tempo
Desejando que não passasse...
Era o tempo da Primavera
Com as flores a abrirem
Em mil cores nos teus olhos.
Da leve brisa que até mim chegava
Transportando o teu perfume
De todas as rosas...
Era o tempo em que diziamos tantas coisas,
Principalmente quando estavamos calados
Foi o tempo das horas perdidas
Como te perdi...
Foste-te com o vento forte do Outono
Voaste com ele.
Naquela tarde fiquei sòzinho
Sentado no “Granja Bar”
Com um café que não bebi
E o Smith a por-me na rua
Por onde deambulei
À espera do Inverno
Que apagasse em mim as recordações
Que me ficaram... E que renascem em cada Primavera.

(jose cancelinha)


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

UM OLHAR ATENTO

OLHAR ATENTO E....

......INTELIGENTE

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Post Gastronomico

Barraca de "comes e bebes" em Vilarandelo


Hoje quis, também eu, trazer a este blogue uma amostra da “nossa típica gastronomia” como muito bem elucidam as fotos aqui inseridas.
Pois aqui vai o “menu” de uma refeição completa:
Como aperitivo podemos começar com um “MARTINI” que assim vamos fazendo boca para o que virá a seguir, que a escolha é ampla, uma vez que podemos optar por um “CACHORRO” bem condimentado com “MOSTARDA” e “KETCHUP”, ou então por uma “BIFANA” ou um “HUMBURGUER” temperados, os ditos, com os mesmos condimentos, o vermelho e o esverdeado.
E tudo isto bem regado com uma “SUPERBOCK” bem geladinha. E para os abstémios a escolha é vasta, pois têm à sua disposição entre outras bebidas: “ICE TEA, COCA-COLA, 7UP...”
Para finalizar nada melhor que um cafèzinho, uma vez que “HA CAFÉ” ,como diz o letreiro, acompanhado que seja por um “CHIVAS REGAL” , que sempre ajuda a disgestão.
Mas, se por acaso, ainda ficamos com um buraquinho no estômago podemos ir ali mesmo ao lado à “BARRAQUINHA DAS PIPOCAS” e prenchê-lo com um saquinho de “POP-CORN”
Bom Proveito!! (A quem lá for que eu.....)


PS:
E isto tudo para, também eu, fazer inveja ao caro amigo Jose Coroado, que já o imagino a babar-se com tanta água que lhe cresce na boca, uma vez que os seu “posts” gastronómicos, não são nada que se pareça com isto..


barraquinha das pipocas (Vilarandelo)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Amigo


Cisnes no Lago de Varese


AMIGO


Ai, se eu tivesse as mãos livres e a voz clara
Ai, se já não me doessem os pés no caminho
Se fossemos muitos quando estou sòzinho
Seria bom se a concórdia não fosse tão rara
Ai, se fosse menos aquilo que nos separa.

Ai, se fosse outro o mar em que navego
Ai, se fosse ainda azul o céu que nos cobre
E se todo este mundo fosse mais nobre
Se calhar, eu pouco faço - Não o nego
Para ajudar a virar o bico a este prego.

E se é verdade que o Sol para todos nasce
Porque será que só há núvens muito escuras
E só se vêm peitos fechados, cabeças duras
E já quase que não há quem dê a face
Quase que não temos um amigo que nos abrace?

Não sei quanto vale isto que penso e digo,
Mas se consegues ouvir ainda a voz da razão
Abre o peito, solta e escuta o coração
Vem também tu, sem medo, contar comigo
Dar-me as mãos e um abraço de Amigo.

(jose cancelinha)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sondrio

No passado fim-de-semana andei por estas paragens.
Sondrio é a capital da Valtellina que é uma região italiana situada lá bem no meio dos Alpes.




A cidade encontra-se num longo vale, 120 Km de comprimento, paralelo ao maciço alpino e que separa os Alpes Centro-Orientais dos Alpes Sud-Orientais.

Para além do turismo a economia da região baseia-se essencialmente no sector agro-alimentar com produtos e especialidades gastronómicas vendidas por toda a Itália e na vizinha Suiça como, por exemplo, a “bresaola”, queijos típicos, maçãs, etc.
De renome são também o seus vinhos, representando o sector vinícola uma grande fatia da economia da Valtellina