sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A TUA ESTRELA

A TUA ESTRELA

Desde miudo que as estrelas me fascinam. Ainda me lembro quando passava horas infinitas a olhar o céu, a descobrir formas, delineando geometrias, deslumbrado pelas coloridas cintilações, inventando diálogos que ciciava esperando respostas.
Era o tempo em que ainda não sabia que as estrelas, cientificamente, se agrupavam em constelações, o que mais tarde me haveriam de ensinar nos bancos da escola. E foi nessa altura que eu elegi a, que continuo a considerar, mais bonita das constelações; aquela brilhante forma geométrica que tem ao centro, em quase perfeito alinhamento, três belas e brilhantes estrelas de segunda grandeza que, minha mãe então me disse, se chamavam “As Três Marias”.
Aprendi mais tarde, numa qualquer lição de Geografia, que àquele belo quadrilátero tinham os Gregos chamado de “Orion” porque personaliza o belo caçador do mesmo nome a quem Diana metamorfoseou após o ter matado.
Porque se chamam “As Três Marias” nunca o soube, mas sempre gostei de assim lhes chamar, até porque foi minha mãe que me ensinou. E, porque acredito que algures no firmamento há uma ou mais estrelas que de alguma forma nos iluminam e protegem, o que acho que é uma coisa inata a cada um de nós, sempre pensei e olhei “As Três Marias” como as minhas “Estrelinhas da Sorte”.
Não há noite nemhuma em que eu olhe para um céu estrelado que não procure imediatamente “as minhas Três Estrelas” e, mal as vejo, sou invadido por uma forte sensação de bem-estar e paz interior.
Acabado que foi o “Velho Ano” e ainda nos primeiros segundos deste Novo 2000, levantei os olhos ao céu para desse modo formular um desejo para ti, como te tinha prometido, e... (Nem sequer sei como descrever a sensação que me invadiu repleta que foi de emoção arrepiante). É que, mesmo por cima de uma bela girândola de fogo de artifício acabada de abrir no mais deslumbrante “bouquet” azul, dou de caras com as “minhas três amigas”, “As Três marias”.
E, não sei porque, aquela do meio estava com um brilho especial, como a querer que eu desviasse toda a minha atenção só para ela, como que a fazer-me uma espécie de chamamento.
Não hesitei. Pensando em ti, imediatamente lhe exprimi um desejo para o “Novo Ano”. Pedi-lhe que também ela passasse a ser uma tua “Estrela” protectora que, de uma qualquer maneira, seja de hoje em diante a “Tua estrelinha”. E, porque é uma Estrela Boa, estou convencido de que passará a sê-lo.
O que para ti desejei não to vou dizer porque, e isso também foi a minha mãe que me ensinou, desejos e sonhos não se devem contar a ninguém para que se tornem realidade.


Mas há uma coisa que quero que tu saibas:

A partir daquele momento na bela constelação chamada “Orion” passaram a existir sòmente “Duas Marias” porque a outra, a do meio, já assim se não chama e nunca mais ninguém, revolução ou decreto, lho há-de mudar, é que ela agora tem o “Teu Nome”.

Varese, 2/1/2000

1 comentário:

José Doutel Coroado disse...

Caro José,
belíssimo texto!!
um abraço para ti, para a tua estrela e para toda a tua família!