terça-feira, 23 de março de 2010

CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


Sou pirata no mar aveludado
Da tua pele
E sou forçado a aportar e demorar
No teu rosto.
É a tempestade dos teus cabelos
Que me impele
Pois há ali tesouros, ao menos dois
De que tanto gosto.
São teus olhos, duas amêndoas
Do meu Algarve
Onde brilha o sol como em orvalho
Pela manhã!
Em trilho de beijos percorro e chego
Pelo adarve
Ao rubi dos teus lábios onde tudo
Sabe a romã.

Meus dedos ávidos, como pássaros
Em voos rasantes,
Descem vertiginosamente afagando-te
O pescoço
E chegam sedentos ao vale do teu peito,
Delirantes!
São como as andorinhas que chegam
Em Maio-moço!
Ali onde as colinas se erguem; são duas
Pombas da paz
Que trazem no bico os sabores e aromas
De Abril
E eu sorvo, absorvo e saboreio tudo
O que sou capaz
Nos dois grãos doirados do melhor café
Do teu Brasil!



Teus braços me envolvem e me enlaçam
Como lianas.
Nossas mãos travam lutas de carícias
Sem quartel
Os teus dedos nos meus lábios afloram e
São sultanas,
Têm a maciez e o sabor de doces favos
De mel.
Depois encontro o centro e o vórtice
Da pré-loucura
Donde saio disparado em helípticos
Movimentos
Sigo milímetro a milímetro por cada
Curvatura
E chego aos teus pés que já pedem outros
Andamentos.


É então que tu te entregas e me ofereces
A flor.
É então que começamos a nossa dança
Frenética.
É candombe, é este o samba do nosso
Amor
Bailinho, canção , fado, é poema sem
Métrica
Mistura de fluidos e suores, tudo sabendo
A mar
O nosso barco à deriva baloiça na loucura
Do abraço
Somos dois navegantes, perdidos, que vão
Naufragar
Somos dois mareantes que vão até ao fim do
Cansaço.
(jose cancelinha)

2 comentários:

Lumena Oliveira disse...

Olá,

Lindíssimo poema, da canção do Mar e do Amor.

Mui grata,
LUmeNA

angela disse...

Muito bonito poema, tem um ritmo crecente como os bons encontros de amor.
abraços