UM CHEIRINHO A BACALHAU
Na minha terra não é o bacalhau o prato forte da tradicional ceia natalícia. É esta constituida essencialmente por fritos sendo o polvo o principal elemento. Talvez por estarmos ali mesmo ao lado da vizinha Galiza tão famosa pelo seu maravilhoso cefalópode.
A mesa de consoada é portanto recheada e ornamentada com as mais variadas, doiradas e deliciosas frituras, polvo, bolinhos de bacalhau, rabanadas não faltando tambem as tradicionais filhoses entre outras iguarias. De cozido apenas umas batatas, acompanhamento real lá por aquelas paragens e talvez também uma aletria para sobremesa acompanhada com um cálice de “vinho fino” epíteto que nós por ali costumamos dar ao “Vinho do Porto”. Não faltam também os frutos secos.
Mas não se pense que o “Fiel Amigo” é esquecido por aquela boa gente nortenha. Não senhor! Ele é o rei no almoço do dia 25, o dia de Natal, e invariàvelmente é acompanhado, depois de cozido, com grão de bico, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta tudo isto temperado com o melhor dos azeites da região.
Ainda me lembro bem quando lá em casa nos sentavamos todos à mesa. Só irmãos eramos cinco, mais os pais, o avô, a tia avó, a prima Dulce que conosco vivia e o criado pois que sempre havia um lá em casa, todos somadinhos faziamos sempre 11. Ora no dia de Natal esse número aumentava sempre porque chegavam mais alguns primos, Luisa, Anibal, Sofia e Valentim, filhos da tia Alice. O que valia é que a mesa era suficientemente comprida para que todos lá pudessemos caber.
Um belo canhoto a fazer de estrafogueiro ardia na lareira aquecendo a cozinha, onde se almoçava, já que de calor humano havia sempre q.b. para nos aquecer as almas enquanto que do aquecimeto dos ânimos (dos mais velhos, claro) se encarregava o bom vinho vindo directamente da pipa da adega do avô.
A receita do bacalhau com grão não a vou aqui escrever uma vez que é sobejamente conhecida. Mas, no entanto, nao quero deixar de referir que este delicioso pitéu, bem português, lá na minha casa era servido em prato fundo.
E porque?
Porque depois de comer o bacalhau e o grão aos restos do azeite que serviu para temperar, algum pedacito de bacalhau um ou outro grão que ficavam no prato, dependendo muito do gosto pessoal de cada um, juntava-se um pouco da água onde se cozeu o grão, quentinha que ainda estava e que tinha sido guardada para isto mesmo.
CALDO COM CHEIRINHO A BACALHAU
Sirva-se o tradicional “Bacalhau com Grão” em prato fundo de sopa.
Tempere-se abundantemente com bom azeite português, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta, tudo ao gosto pessoal de cada um.
Depois de bem saboreada esta deliciosa receita da nossa mui rica culinária e retiradas que foram todas as espinhas do prato, aos restos do azeite, salsa e cebola, alguma lasca de bacalhau e um ou outro grão que ficaram, junte-se o canto de um molego de trigo e adicione-se a água da cozedura do grão que se guardou e deve estar ainda quente.
Nada melhor que este delicioso caldo, assim pronto a comer, para aconchegar o estômago.
Que vos preste!
Na minha terra não é o bacalhau o prato forte da tradicional ceia natalícia. É esta constituida essencialmente por fritos sendo o polvo o principal elemento. Talvez por estarmos ali mesmo ao lado da vizinha Galiza tão famosa pelo seu maravilhoso cefalópode.
A mesa de consoada é portanto recheada e ornamentada com as mais variadas, doiradas e deliciosas frituras, polvo, bolinhos de bacalhau, rabanadas não faltando tambem as tradicionais filhoses entre outras iguarias. De cozido apenas umas batatas, acompanhamento real lá por aquelas paragens e talvez também uma aletria para sobremesa acompanhada com um cálice de “vinho fino” epíteto que nós por ali costumamos dar ao “Vinho do Porto”. Não faltam também os frutos secos.
Mas não se pense que o “Fiel Amigo” é esquecido por aquela boa gente nortenha. Não senhor! Ele é o rei no almoço do dia 25, o dia de Natal, e invariàvelmente é acompanhado, depois de cozido, com grão de bico, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta tudo isto temperado com o melhor dos azeites da região.
Ainda me lembro bem quando lá em casa nos sentavamos todos à mesa. Só irmãos eramos cinco, mais os pais, o avô, a tia avó, a prima Dulce que conosco vivia e o criado pois que sempre havia um lá em casa, todos somadinhos faziamos sempre 11. Ora no dia de Natal esse número aumentava sempre porque chegavam mais alguns primos, Luisa, Anibal, Sofia e Valentim, filhos da tia Alice. O que valia é que a mesa era suficientemente comprida para que todos lá pudessemos caber.
Um belo canhoto a fazer de estrafogueiro ardia na lareira aquecendo a cozinha, onde se almoçava, já que de calor humano havia sempre q.b. para nos aquecer as almas enquanto que do aquecimeto dos ânimos (dos mais velhos, claro) se encarregava o bom vinho vindo directamente da pipa da adega do avô.
A receita do bacalhau com grão não a vou aqui escrever uma vez que é sobejamente conhecida. Mas, no entanto, nao quero deixar de referir que este delicioso pitéu, bem português, lá na minha casa era servido em prato fundo.
E porque?
Porque depois de comer o bacalhau e o grão aos restos do azeite que serviu para temperar, algum pedacito de bacalhau um ou outro grão que ficavam no prato, dependendo muito do gosto pessoal de cada um, juntava-se um pouco da água onde se cozeu o grão, quentinha que ainda estava e que tinha sido guardada para isto mesmo.
CALDO COM CHEIRINHO A BACALHAU
Sirva-se o tradicional “Bacalhau com Grão” em prato fundo de sopa.
Tempere-se abundantemente com bom azeite português, cebola picada, salsa e uma pitada de pimenta, tudo ao gosto pessoal de cada um.
Depois de bem saboreada esta deliciosa receita da nossa mui rica culinária e retiradas que foram todas as espinhas do prato, aos restos do azeite, salsa e cebola, alguma lasca de bacalhau e um ou outro grão que ficaram, junte-se o canto de um molego de trigo e adicione-se a água da cozedura do grão que se guardou e deve estar ainda quente.
Nada melhor que este delicioso caldo, assim pronto a comer, para aconchegar o estômago.
Que vos preste!
2 comentários:
Caro José,
ainda bem que voltaste às lides blogueiras.
E que bem acompanhado vieste!
abs
É verdade, o polvo é o rei do Natal transmontano.
Fico com enorme curiosidade das receitas nas outras línguas, sei pela experiência, como é difícil traduzir receitas e conseguir explicar esta nobre arte portuguesa de cozinhar bacalhau.
um abraço,
Armando Sena
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