domingo, 28 de março de 2010

BEIJOS DE COLIBRI




Os Rail Road Riders compuseram a musica, eu escrevi estas palavras e o resultado foi este:

Beijos de Colibri

Se me lembro de ti
Sinto o cheiro a café
África e abacaxi
Em teu rosto a maré
De beijos de colibri
Na flor que ainda é

Não volta o tempo atrás
Há núvens lá no céu
Se aqui tu não estás
Posso até ser o réu
E a mim tanto me faz
Núvens são negro véu
Que negro este amor me traz

Tenho aqui neste nó
Uma ferida a sangrar
Cicatriz que mete dó
Hoje não quero pensar
Amor meu feito em pó
Meu amor só sonhar
Com beijos de colibri
Que são dados no ar

(jose cancelinha)

sexta-feira, 26 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


CANÇÃO DO MAR E DO AMOR


Sou pirata no mar aveludado
Da tua pele
E sou forçado a aportar e demorar
No teu rosto.
É a tempestade dos teus cabelos
Que me impele
Pois há ali tesouros, ao menos dois
De que tanto gosto.
São teus olhos, duas amêndoas
Do meu Algarve
Onde brilha o sol como em orvalho
Pela manhã!
Em trilho de beijos percorro e chego
Pelo adarve
Ao rubi dos teus lábios onde tudo
Sabe a romã.

Meus dedos ávidos, como pássaros
Em voos rasantes,
Descem vertiginosamente afagando-te
O pescoço
E chegam sedentos ao vale do teu peito,
Delirantes!
São como as andorinhas que chegam
Em Maio-moço!
Ali onde as colinas se erguem; são duas
Pombas da paz
Que trazem no bico os sabores e aromas
De Abril
E eu sorvo, absorvo e saboreio tudo
O que sou capaz
Nos dois grãos doirados do melhor café
Do teu Brasil!



Teus braços me envolvem e me enlaçam
Como lianas.
Nossas mãos travam lutas de carícias
Sem quartel
Os teus dedos nos meus lábios afloram e
São sultanas,
Têm a maciez e o sabor de doces favos
De mel.
Depois encontro o centro e o vórtice
Da pré-loucura
Donde saio disparado em helípticos
Movimentos
Sigo milímetro a milímetro por cada
Curvatura
E chego aos teus pés que já pedem outros
Andamentos.


É então que tu te entregas e me ofereces
A flor.
É então que começamos a nossa dança
Frenética.
É candombe, é este o samba do nosso
Amor
Bailinho, canção , fado, é poema sem
Métrica
Mistura de fluidos e suores, tudo sabendo
A mar
O nosso barco à deriva baloiça na loucura
Do abraço
Somos dois navegantes, perdidos, que vão
Naufragar
Somos dois mareantes que vão até ao fim do
Cansaço.
(jose cancelinha)

segunda-feira, 22 de março de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

LOGO À NOITE

Innsbruck




LOGO À NOITE


Logo à noite eu vou sair,
Pelas ruas da amargura,
E só voltarei a casa
Quando sentir a última badalada
Do relógio que está
Na Torre
Do meu Peito....

quarta-feira, 17 de março de 2010

HÁ DIAS ASSIM

Com Verso e Reverso ou....


















...Presunção e Água-Benta...


terça-feira, 16 de março de 2010

MEMÓRIAS

Sines


O “PITO”

António André Pito, de Fornos do Pinhal, concelho de Valpaços, distrito de Vila Real, Trás-os-Montes, Portugal. Era assim que costumava e gostava de se apresentar. Relojoeiro de profissão, dizia ele. Mas eu sempre o conheci a fazer (pequeno) contrabando dum e para o outro lado da raia. Do que melhor me lembra que contrabandeasse eram sapatos, quase sempre por encomenda. E um par deles trazia-os ele sempre nos pés muito bem envoltos em plástico para que não se sujassem, evitando, assim, qualquer reclamação por parte do comprador.

Às vezes, a maior parte das vezes, a mercadoria que “importava” não era da melhor. Concerteza que o enganado também tinha sido ele, que lhe vendiam gato por lebre.

Como aqueles pares de sapatos que um dia trouxe, e um dos quais comprou a “bom preço”, um familiar meu; “sapatinhos da mais pura sola” e “que não foram nada caros” “uma categoria!” - Como ouvi dizer.

Tão bons e genuinos eram que um dia, à lareira, quando se aproximaram mais do calor do lume começaram a derreter como se do melhor e mais puro plástico se tratasse. E pronto. Que se havia de fazer?

Não sei quantos dias demorava o Pito, da raia entre Portugal e Espanha até Fornos do Pinhal. O que sei è que um dia e uma noite era o mínimo que ele sempre perdia em Vilarandelo e disso tenho eu a certeza.

Aqui chegava quase sempre a meio da tarde e, copo atrás de copo, ora fiado ora cravado, e mesmo antes do cair da noite já ele não tinha coragem nem pernas para fazer os sete ou oito quilómetros finais pela estrada nacional, que ele não se metia em atalhos. E não é que se importasse muito com isso, pois onde ficasse recolhido tinha ele sempre garantido. Assim como o mata-bicho do dia seguinte, porque “pelas Almas” haveria sempre alguém que se comovesse e não fizesse caso a menos um copito de água-ardente e a um naco de pão ou até mesmo a uns figuitos secos que, por ali, havia-os e dos bons! A garantia da dormida era a de sempre, um baixo sob uma varanda onde nunca faltavam umas tábuas com uma gabela de palha por cima, a miúdo renovada, e uma ou duas velhas mantas de trapos. Era como se fosse um quarto em hotel de cinco estrelas para os desgraçados como o “Pito”, que tantas vezes, por outras paragens, tinham que dormir ao relento sujeitos a todo o tipo de intempéries naturais. E para cozer, como se costuma dizer, uma bebedeira qualquer coisa estava bem.


Quando o silêncio da noite já tudo envolvia começava o Pito com os habituais monólogos que nunca se soube se era sonhar alto, qualquer forma de sonambulismo ou se, simplesmente, era o efeito dos muitos copos de vinho deitados abaixo durante o dia misturado com o medo da noite e do seu escuro pois que a maior parte das vezes, estes monólogos, constituiam um verdadeiro exame de consciência com confissão e acto de arrependimento, não faltando os bons propósitos para o futuro.
Como, por exemplo, este:

- Oh meu Deus! Perdoai-me o meio litro de vinho que fiquei a deve ao sr. Fulano. E não pago! Não pago! Não pago!

- Não pago!?...

- Oh meu Deus! Perdoai-me. Que eu pago! Eu pago! Eu pago!

- E o que vou ficar a dever amanhã? Eu nao pago?

- Amanhã eu bebo! Eu bebo! Eu Bebo! E depois......(hiato para pensar).. eu pago.

Era certo e sabido que no dia seguinte já não se lembrava de nada, nem da dívida nem do que a Deus prometera na noite anterior.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Bom Fim-de-Semana

THE EYE OF LONDON

quinta-feira, 11 de março de 2010

TULIPAS




TULIPAS



Corolas de ocidentais flores desabrochando
Em mágicos e orientais movimenttos
De Tai Chi Chu’an.


São tulipas, estas flores, que te dizem:
É Primavera!
E que ainda tens todo o tempo
À tua espera!
São tulipas essas flores que trazes
No regaço.
Bouquet que compões com o teu sorriso
E apertas com um teu abraço.


O perfume eleva-se, como incenso,
Em espirais.
As formas, evoluindo, adivinham-se
Sensuais.
E nesse jogo é importante a magia
Das cores
Se em cada gesto, em cada olhar
Há flores.

E são lindas,
Singelas
Vermelhas, brancas
Amarelas,
Porque são tuas
São bonitas
São flores…
São Tulipas.
(jose cancelinha)

terça-feira, 9 de março de 2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

MEMORIAS


O "MULA"


Todos o conhecem por "Mula", este personagem que já passou, e muito , os cinquenta anos de idade. Meio demente, e digo meio, porque a outra metade da sua anormalidade deve-se ao facto de ele gostar de beber, o que o faz andar num estado de permanente embriaguês.

A nomeada advém-lhe de que numa dada altura era frequente vê-lo passar pelas ruas da aldeia, nas suas deslocações casa-campo e vice-versa, tocando uma mula que puxava uma carroça e que ele constantemente incitava: "Abre os olhos mula que a carroça é cega!". Daí o ter-lhe ficado o "apelido". E que ninguem o fizesse zangar porque nao se livraria da ameaça de um tiro dado pela pistola que ele iria buscar a casa

Não havia reunião de rapazes ou garotada que não contasse com presença do "Mula". Boné aos quadrados, sempre na cabeça, e olhar esgaziado devido aos copos no bucho. Ao que parece, a água-ardente era a sua bebida preferida, quer fosse de Inverno quer fosse de Verão.

Um dia, por altura do Natal ou Carnaval, no largo em frente à Capela de Santo António de Vilarandelo onde um bom canhoto de castanho ardia, juntou-se a rapaziada que começou a rebentar bombas de fogo de artifício. A certa altura lembraram-se de meter em cima da bomba, depois de acendida, uma lata vazia, daquelas de conserva de atum ou sardinha, que quando rebentava com um estoiro abafado fazia subir, subir a lata. Faziam-se assim desafios, como que apostas sem nada em jogo, para ver quem era o dono da bomba que faria subir a lata mais alto.

Foi então que algum mais atrevido, sorrateiramente, rapa o boné ao "Mula" e em vez da lata mete aquele em cima duma bomba. Claro está que era só para ver o efeito e criar um pouco mais de ambiente com umas boas risadas.

Dá-se o rebentamento e eis que parte o boné por ali acima rápido como um foguete e girando, girando sempre, como uma ventoinha, sendo o próprio "Mula" aquele que maior contentamento tinha estampado no rosto, até dava pulos de alegria; - afinal o seu boné conseguia ir mais alto do que uma qualquer lata de sardinhas em conserva e como efeito visual não havia sequer comparação.

Quando caiu no chão, corre imediatamente a apanhar o boné, com a clara intenção de voltar a repetir a façanha, só que desta vez seria ele próprio a colocá-lo em cima da bomba.

Surpreza!

Mesmo no centro do boné aparecia agora um buraco com cerca de um centímetro de diâmetro, notando-se ainda o cheiro e chamusco misturado com o de pólvora queimada.

Foi então que aquela alegria estampada no rosto, repentinamente se desvaneceu dando lugar ao mais constrigente choro, próprio duma criança, acompanhado de blasfemias e amaldiçoando todos. E da maldição passava à ameaça, a do costume: "Agora vou a casa, trago uma pistola e dou um tiro a todos." - Repetindo sempre enquanto se afastava. E ia-se embora para não voltar a aparecer naquele dia.

sábado, 6 de março de 2010

Chegou o Carteiro

Chegou o Carteiro e, em mão, entregou-me o

E já que estava lá fora, e o ensoleirado dia a isso convidava, “labesteirei-me” e li-o.
É sempre bom quando chega mais este elo de ligação entre os Vilarandelenses. Dá para matar algumas saudades. Pena é que não tenha mais contributos escritos (me culpa, mea culpa!). Mas um dia, ainda me encho de coragem, e dou o meu. Fi-lo algumas vezes no “velho” ARAUTO nos tempos do Saudoso Prof. Ribeirinha... ai esta perguiça, esta perguiça!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Bom Fim-de-Semana

Pergunto eu: Será que as árvores também dizem segredos, lá em cima, que nós, cá em baixo, não ouvimos nem entendemos?

quinta-feira, 4 de março de 2010

SOL de OUTONO

Alvor, por-do-Sol






SOL DE OUTONO


Deixa-me olhar-te, olhos nos olhos
Que neles invente o agitado mar
Onde perderemos o rumo e o norte
E encontre a ilha onde iremos aportar
Naufragos abandonados à nossa sorte

Deixa que em silêncio eu te leve
Através deste bosque que se veste
De outonais cores, neste teu dia,
De verde-oiro com azul celeste
Com a passarada a cantar de alegria

Deixa que nos deitemos lado a lado
Para aproveitar este sol de Outono,
Dos quarenta transbordantes de ternura
Até exaustos cairmos no doce sono
Como mortos em tsunamis de loucura

Deixa, à noite, minha mão na tua
Que o silêncio quase sempre tem magia
E a Lua, que realça a beleza que tu tens
Veio com a água e o vento, em sinfonia
E comigo também cantar-te “Parabéns”
(por Jose Cancelinha)

terça-feira, 2 de março de 2010